Horas antes de o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decretar a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) publicou um vídeo atacando duramente o magistrado e ironizando suas declarações públicas.

A gravação foi divulgada no YouTube no fim de semana e se refere ao discurso proferido por Moraes na sexta-feira (1º/8), na reabertura do ano judiciário. Na ocasião, o ministro afirmou que uma organização criminosa atua “de forma covarde e traiçoeira para submeter o STF ao crivo de um Estado estrangeiro”, em referência às sanções impostas pelos EUA a ministros do Supremo e ao tarifaço comercial de 50%.

Eduardo respondeu:

“Primeiro que é mentira, Xandão. Ninguém está fazendo nada traiçoeiro. A gente está botando a cara a tapa, dizendo que seus crimes estão sendo expostos.”

Em tom provocativo, o deputado acrescentou:

“Covardia é o que você faz, Alexandre de Moraes. Você está parecendo uma moça berrando, uma criancinha chorando pelo pirulito. Está com raivinha porque tomou a Lei Magnitsky.”

Escalada de tensão e medidas contra Bolsonaro

Na manhã desta segunda-feira (4/8), Moraes determinou a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro por considerar que o ex-presidente violou novamente as medidas cautelares, ao participar virtualmente de um ato público em Copacabana. O vídeo da manifestação, publicado por Carlos e Flávio Bolsonaro, também foi considerado uma infração direta à decisão judicial que proibia o uso das redes sociais — inclusive de terceiros.

Segundo Moraes, as ações representam tentativas deliberadas de burlar decisões do Supremo e instigar a coação institucional, o que justifica o endurecimento das sanções.

O ministro já havia advertido Bolsonaro anteriormente, em julho, após o ex-presidente discursar na Câmara dos Deputados. Naquela ocasião, a infração foi tratada como "pontual". Desta vez, com a reincidência, Moraes aplicou:

• Prisão domiciliar em tempo integral

• Proibição de visitas (exceto familiares próximos e advogados)

• Recolhimento de celulares da residência

• Monitoramento com tornozeleira eletrônica

• Proibição de contato com autoridades estrangeiras

Acusações de tentativa de golpe

Jair Bolsonaro é acusado de liderar uma trama golpista após a derrota nas eleições de 2022. O processo investiga articulações com militares, diplomatas e parlamentares aliados. A imposição de cautelares veio após Eduardo Bolsonaro se mudar para os EUA e iniciar diálogos com parlamentares republicanos, em movimentos que resultaram na inclusão de Alexandre de Moraes na lista da Lei Magnitsky — uma sanção usada pelos EUA contra autoridades acusadas de violar direitos humanos.