Política
Lula articula neutralidade de partidos de centro e direita nas eleições de 2026
Governo busca evitar apoio formal ao bolsonarismo e aposta em alianças regionais para manter governabilidade
16/06/2025
20:30
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
Diante do avanço de manifestações de infidelidade por parte de partidos de centro e de direita que hoje compõem a base do governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) articula uma estratégia para garantir que essas legendas se mantenham neutras nas eleições de 2026, especialmente diante de uma possível candidatura do campo bolsonarista.
Segundo aliados no Palácio do Planalto, o foco está em partidos como União Brasil, PP, Republicanos, PSD e MDB, que juntos controlam 11 ministérios e são cruciais para a governabilidade, considerando a minoria da esquerda na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.
A principal meta do governo é impedir que essas siglas façam uma declaração formal de apoio à oposição bolsonarista no pleito de 2026. Paralelamente, Lula tentará atrair lideranças regionais desses partidos, mesmo que, oficialmente, as direções nacionais caminhem com um adversário.
Até recentemente, havia no horizonte a possibilidade de que partidos como MDB e PSD ocupassem a vice na chapa de Lula à reeleição. Essa articulação, no entanto, perdeu força diante de uma série de crises que afetaram a popularidade do governo, incluindo:
A crise do Pix automático;
As dificuldades no INSS, com filas e reclamações crescentes;
O impasse sobre o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que gerou desgaste junto ao Congresso e à opinião pública.
Uma pesquisa Datafolha, divulgada na última quinta-feira (12 de junho), indicou que a recuperação na aprovação de Lula estagnou. O levantamento mostra que 40% da população reprova o governo, contra 28% que aprovam — o pior índice de avaliação negativa dos três mandatos do petista.
O plano do governo é, ao menos, repetir o que ocorreu no segundo turno das eleições de 2022, quando Lula enfrentou o então presidente Jair Bolsonaro (PL). Naquele pleito, nenhuma das cinco legendas citadas apoiou formalmente Lula, e duas delas — PP e Republicanos — integraram a chapa de Bolsonaro.
Apesar disso, o petista conseguiu conquistar apoios importantes dentro dessas siglas, como o da senadora Simone Tebet (MDB), que havia disputado o primeiro turno pela legenda e terminou em terceiro lugar, com 4,16% dos votos válidos. Simone hoje é ministra do Planejamento no governo.
Interlocutores do governo reconhecem que, sem uma melhora significativa nos índices de popularidade, garantir a neutralidade desses partidos já será considerado um resultado estratégico positivo. Isso evitaria uma migração formal e explícita das siglas para uma candidatura do bolsonarismo ou de outro nome da direita.
Se conseguir costurar essa neutralidade, Lula poderá concentrar esforços em consolidar palanques regionais, onde lideranças locais podem se distanciar da direção nacional dos partidos. O próprio segundo turno de 2022 mostrou que isso é possível.
MDB
PSD
União Brasil
PP
Republicanos
40% consideram o governo Lula ruim ou péssimo
28% avaliam como ótimo ou bom
32% como regular
Atuar na construção de palanques estaduais e municipais aliados;
Evitar rompimentos públicos no Congresso, mesmo diante das crises;
Mapear lideranças locais desses partidos que possam apoiar Lula, mesmo sem adesão formal da legenda;
Investir em políticas e entregas que possam reverter a tendência de queda na popularidade.
Os comentários abaixo são opiniões de leitores e não representam a opinião deste veículo.
Leia Também
Leia Mais
Câmara aprova urgência para derrubar decreto do IOF e impõe derrota ao governo Lula
Leia Mais
Senado pode votar nesta terça ampliação de vagas na Câmara dos Deputados
Leia Mais
Haddad tira férias em meio à crise do IOF e irrita Congresso Nacional
Leia Mais
IBGE abre 351 vagas de estágio com bolsas de até R$ 1.125; saiba como se inscrever
Municípios