Mesmo inelegível até 2030 por decisão da Justiça Eleitoral, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) insiste em se colocar como possível candidato à Presidência da República em 2026. No entanto, a maioria dos brasileiros acredita que ele deveria abrir mão da disputa e apoiar outro nome do campo conservador, segundo pesquisa Datafolha divulgada neste domingo (7).

O levantamento aponta que 67% dos entrevistados consideram que Bolsonaro deveria desistir da candidatura, enquanto apenas 28% acham que ele deve insistir na disputa, mesmo com o risco de impugnação. Outros 5% não souberam ou não quiseram responder.

A pesquisa foi realizada entre os dias 1º e 3 de abril, com 3.054 pessoas em 172 municípios, e tem margem de erro de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Inelegibilidade e cenário político

Bolsonaro está inelegível até 2030, por decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que o condenou por abuso de poder político durante reunião com embaixadores, na qual atacou sem provas o sistema eleitoral brasileiro, além de ter feito uso indevido das comemorações do 7 de Setembro de 2022 para fins eleitorais.

Mesmo assim, o ex-presidente tem promovido manifestações e articulado bastidores políticos para reconstruir sua influência e pressionar o Congresso por uma anistia aos presos pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

Divisão entre bolsonaristas e o público geral

Entre os eleitores que se identificam como “fortemente bolsonaristas”, a percepção muda: 63% defendem que Bolsonaro mantenha a candidatura, enquanto 36% acreditam que ele deveria abrir mão da disputa.

Apesar da lealdade de sua base, aliados de Bolsonaro têm feito críticas reservadas à ideia de mantê-lo como cabeça de chapa até o fim, já que isso poderia inviabilizar o tempo necessário para viabilizar um substituto — como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que teria que deixar o cargo até abril de 2026.

Quem poderia herdar o apoio de Bolsonaro?

A pesquisa também perguntou quem Bolsonaro deveria apoiar, caso desista da disputa:

• 23% apontaram Michelle Bolsonaro (PL), ex-primeira-dama

• 21% indicaram Tarcísio de Freitas (Republicanos)

• 14% prefeririam Eduardo Bolsonaro (PL-SP)

• Outros nomes foram citados em menor proporção, enquanto 35% não souberam ou não opinaram

Bolsonaro réu no STF

Além da inelegibilidade, Jair Bolsonaro é réu no Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de liderar uma organização criminosa armada com objetivo de dar um golpe de Estado em 2022. A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta crimes como tentativa de golpe, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e incitação.

Caso seja condenado, pode pegar até 40 anos de prisão.