Política / Justiça
Bolsonaro pode ser preso após julgamento no STF? Entenda os cenários possíveis
Ex-presidente e sete aliados respondem por cinco crimes no núcleo central da trama golpista; decisão caberá à Primeira Turma do Supremo
31/08/2025
07:45
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros sete aliados, acusado de liderar a trama golpista de 2022/2023, começa nesta terça-feira (2/9) na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). A ação penal, considerada um dos processos mais relevantes da história recente da Corte, traz à tona a discussão sobre o que pode ocorrer em caso de condenação.
A jurisprudência do STF estabelece que a prisão em regime fechado só ocorre após o esgotamento dos primeiros recursos, como embargos de declaração e embargos infringentes. Ou seja, mesmo que condenado, não há precedente para prisão imediata no mesmo dia da decisão.
O caso Collor de Mello é citado como exemplo. Condenado em 2023 a 8 anos e 10 meses de prisão, o ex-presidente só teve a pena executada em abril de 2025, após a Corte considerar os últimos recursos como protelatórios.
O cenário de Bolsonaro, porém, é distinto: o ex-presidente já cumpre prisão domiciliar em outro processo. Caso seja condenado na Ação Penal 2668, os ministros poderão:
Manter a domiciliar, aguardando o trânsito em julgado dos recursos;
Determinar transferência para regime fechado, em razão de risco de fuga ou descumprimento de cautelares;
Decretar prisão preventiva em outro inquérito, como o que investiga Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro por coação no curso do processo e ataques à soberania nacional.
Se houver entendimento para execução imediata, a decisão especificará o local:
Presídio da Papuda (DF);
Superintendência da Polícia Federal, em regime especial.
Para os militares réus, a situação é mais complexa. Em caso de condenação superior a dois anos, eles podem perder a patente, deixando de ter direito à prisão especial.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa Bolsonaro de cinco crimes:
Organização criminosa armada;
Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
Golpe de Estado;
Dano qualificado por violência e grave ameaça contra o patrimônio da União;
Deterioração de patrimônio tombado.
Além de Bolsonaro, respondem no mesmo processo: Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Mauro Cid, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto (único atualmente preso).
Por determinação do presidente da Turma, Cristiano Zanin, o caso será analisado em sessões extraordinárias nos dias 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro, das 9h às 12h, além de reuniões à tarde nos dias 2, 9 e 12.
O julgamento terá início com o relatório do ministro Alexandre de Moraes, seguido da manifestação do procurador-geral Paulo Gonet, das sustentações orais das defesas e, por fim, dos votos dos ministros, em ordem de antiguidade.
Cenário 1: condenação com manutenção da prisão domiciliar até recursos.
Cenário 2: condenação com execução imediata em regime fechado, caso haja entendimento de risco processual.
Cenário 3: pedido de vista de algum ministro, o que pode adiar a decisão por até 90 dias.
O resultado dependerá da maioria simples da Turma (3 votos entre 5 ministros).
Os comentários abaixo são opiniões de leitores e não representam a opinião deste veículo.
Leia Também
Leia Mais
Bolsonaro não deve comparecer à abertura do julgamento da trama golpista, dizem interlocutores
Leia Mais
PGR defende manutenção da prisão de Braga Netto no STF
Leia Mais
William Bonner anuncia saída do ‘Jornal Nacional’ após 29 anos; César Tralli assume ao lado de Renata Vasconcellos
Leia Mais
Damares diz que Bolsonaro está “sereno” após visita em prisão domiciliar
Municípios