Política / Economia Internacional
'Lula pode falar comigo quando quiser', diz Trump ao comentar tarifaço de 50% contra produtos brasileiros
Presidente dos EUA critica gestão brasileira, mas afirma “amar o povo do Brasil”; Lula responde defendendo soberania e diálogo
01/08/2025
18:45
DA REDAÇÃO
©REPRODUÇÃO
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira (1º) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode telefonar “quando quiser” para tratar das relações bilaterais, incluindo o tarifaço de 50% que será imposto sobre produtos brasileiros a partir do dia 6 de agosto.
A declaração foi feita à repórter Raquel Krähenbühl, da TV Globo, quando Trump foi questionado sobre a possibilidade de diálogo com o líder brasileiro.
“Ele pode falar comigo quando quiser”, afirmou o republicano.
Sem detalhar a motivação das tarifas, Trump disse apenas que “as pessoas que estão comandando o Brasil fizeram a coisa errada”, mas acrescentou que “ama o povo do Brasil” e que prefere “esperar para ver o que acontece” antes de anunciar novos passos.
Poucas horas depois, Lula usou as redes sociais para reforçar que o Brasil mantém postura aberta ao diálogo, mas reafirmou a autonomia nacional.
“Quem define os rumos do Brasil são os brasileiros e suas instituições. Neste momento, estamos trabalhando para proteger a nossa economia, as empresas e nossos trabalhadores, e dar as respostas às medidas tarifárias do governo norte-americano”, escreveu.
Fontes do Itamaraty consideraram a fala de Trump como um gesto político, mas ponderaram que uma ligação entre os dois presidentes exigiria preparação diplomática prévia. Segundo o blog de Gerson Camarotti, Lula estaria disposto a telefonar para Trump, desde que o contato fosse confirmado pelo presidente americano.
Apesar da sinalização pública, fontes do Planalto indicam que os canais de diálogo com a Casa Branca permanecem fechados e que há dificuldade para estabelecer contato direto com o núcleo político do governo Trump.
A medida foi oficializada na quarta-feira (31), quando Trump assinou uma ordem executiva impondo tarifas de 50% sobre importações brasileiras. No início de julho, o presidente americano já havia enviado carta a Lula anunciando a decisão.
Segundo a Casa Branca, a justificativa envolve alegadas práticas do governo brasileiro que estariam prejudicando empresas americanas, restringindo a liberdade de expressão de cidadãos dos EUA e afetando interesses estratégicos. As acusações citam ordens judiciais brasileiras que teriam obrigado empresas a fornecer dados de usuários, alterar políticas de moderação de conteúdo e bloquear discursos políticos.
A assinatura do tarifaço coincidiu com a sanção do ministro Alexandre de Moraes pela Lei Magnitsky, que congela bens nos EUA, proíbe transações com empresas e cidadãos americanos e impede o uso de cartões emitidos por bandeiras dos EUA.
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