Política / Câmara Federal
Projeto para punir deputados que participarem de motins avança na Câmara
Proposta prevê afastamento cautelar de até seis meses para parlamentares que obstruírem atividades legislativas ou cometerem agressão física
19/08/2025
21:45
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A Câmara dos Deputados aprovou, nesta terça-feira (19), o requerimento de urgência para um projeto que altera o regimento interno e cria punições imediatas contra parlamentares envolvidos em motins. O texto, de autoria da Mesa Diretora, presidida por Hugo Motta (Republicanos-PB), foi protocolado no mesmo dia e deve ter seu mérito votado ainda nesta terça-feira.
A proposta surge como resposta ao motim de deputados bolsonaristas ocorrido no início de agosto, quando parlamentares ocuparam o plenário por mais de 30 horas em protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
De acordo com a proposta, o presidente da Câmara poderá determinar o afastamento sumário do mandato por até seis meses em casos de:
Obstrução física das atividades legislativas;
Agressão física durante sessões ou nos espaços da Casa.
Após a decisão, o caso será analisado pelo Conselho de Ética, mas o afastamento cautelar poderá ser aplicado sem aval prévio da Mesa Diretora.
“A ideia é dar instrumentos para que o presidente da Casa possa agir com urgência nessas situações”, destaca o texto.
A regra, no entanto, não será retroativa, ou seja, não valerá para punir os parlamentares que participaram do motim anterior.
A iniciativa também é vista como uma tentativa de Hugo Motta de se precaver contra novas derrotas internas. Na semana passada, o presidente da Câmara recuou da ideia de aplicar punições imediatas contra os bolsonaristas, após resistência de outros integrantes da Mesa Diretora, que decidiram enviar os casos à Corregedoria da Casa.
A derrota expôs o desgaste político de Motta e levantou dúvidas sobre o apoio partidário a punições severas no Conselho de Ética, onde quatro membros participaram do motim.
Foram alvos de representações enviadas à Corregedoria 14 deputados bolsonaristas, entre eles:
Zé Trovão (PL-SC)
Marcel Van Hattem (Novo-RS)
Marcos Pollon (PL-MS)
Julia Zanatta (PL-SC)
Paulo Bilynskyj (PL-SP)
Sóstenes Cavalcante (PL-RJ)
Nikolas Ferreira (PL-MG)
Zucco (PL-RS)
Caroline de Toni (PL-SC)
Carlos Jordy (PL-RJ)
Bia Kicis (PL-DF)
Domingos Sávio (PL-MG)
Marco Feliciano (PL-SP)
Allan Garcês (PP-MA)
Além disso, há representação contra a deputada Camila Jara (PT-MS), acusada de agredir Nikolas Ferreira durante o tumulto.
O endurecimento das regras ocorre no contexto do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), marcado para começar em 2 de setembro. O processo analisa a participação do ex-mandatário na chamada trama golpista.
Nos bastidores, a proposta é interpretada como medida preventiva diante da possibilidade de novos atos de obstrução no plenário durante a análise do caso.
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