Política / Justiça
Eduardo Bolsonaro critica STF, defende sanções internacionais a Moraes e admite possível candidatura à Presidência em 2026
Deputado fala em "jogo de cartas marcadas" contra Jair Bolsonaro e diz que sua atuação nos EUA busca “resgatar a democracia brasileira”
30/05/2025
08:00
DA REDAÇÃO
©ARQUIVO
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, voltou a protagonizar o embate entre setores da direita bolsonarista e o Supremo Tribunal Federal (STF). Em entrevista exclusiva à revista VEJA, concedida em Dallas (EUA), onde está vivendo, o parlamentar acusou o ministro Alexandre de Moraes de “sucessivos abusos”, defendeu a atuação internacional para pressionar autoridades brasileiras e admitiu publicamente pela primeira vez a possibilidade de disputar a Presidência da República em 2026.
A entrevista ocorre em meio a investigações da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre sua articulação por sanções internacionais contra Moraes, o que, segundo ele, “é legítimo” e “revela ao mundo o regime de exceção que o Brasil está vivendo”.
Eduardo admitiu manter contato regular com políticos conservadores, como Viktor Orbán (Hungria), Javier Milei (Argentina) e aliados de Donald Trump, buscando apoio para pressionar o STF. Um dos resultados foi o anúncio, pelo senador americano Marco Rubio, de uma política de vistos direcionada a estrangeiros que "censuram americanos", o que Eduardo afirma ser o início de um pacote de sanções contra Moraes.
“O Brasil deveria ter tido a decência de conseguir parar o Alexandre de Moraes. Como isso não aconteceu, tivemos que recorrer às autoridades americanas”, declarou o deputado.
Segundo o parlamentar, o STF tem ultrapassado suas competências e atua para enfraquecer o Legislativo. Ele também denunciou o que chamou de “relacionamento de extorsão” entre o STF e os demais Poderes, citando como exemplo a mudança de posicionamento do presidente da Câmara, Hugo Motta, após encontro com Moraes.
Sobre a investigação contra o ex-presidente, Eduardo minimizou as acusações de tentativa de golpe:
“Golpe da Disneylândia. Isso tudo é surreal. Estão criando uma narrativa para justificar a condenação de Jair Bolsonaro.”
Ele também voltou a questionar a lisura da eleição de 2022, afirmando haver “dúvidas legítimas sobre o processo”.
Questionado sobre uma possível candidatura ao Planalto, Eduardo afirmou que aceitaria a missão se fosse designado pelo pai, e que já apareceu em pesquisas de intenção de voto. Disse ainda que a direita brasileira não existe sem Jair Bolsonaro.
“Ele continua sendo o grande player das próximas eleições. Mas se me for dada a missão, eu vou cumprir.”
Eduardo defendeu uma plataforma liberal-conservadora, com redução de impostos, desburocratização, atração de investimentos estrangeiros e um modelo inspirado no sistema americano. Disse que seu ministro da Fazenda não seria alguém da linha de Fernando Haddad, mas sim um nome liberal.
Na segurança pública, citou o modelo de Nayib Bukele, presidente de El Salvador, como inspiração, defendendo encarceramento em massa para combater a criminalidade.
“É isso que seria o ideal da gente fazer no Brasil”, afirmou, apesar das denúncias de prisão de inocentes no país centro-americano.
Eduardo disse que pretende retornar ao Brasil, mas exige garantias mínimas de liberdade política e segurança jurídica. Justificou sua permanência nos EUA como parte de uma “missão maior”.
Sobre a frase de 2018 de que “bastaria um cabo e um soldado para fechar o STF”, afirmou que foi tirada de contexto e que se tratou de uma “canelada”, reconhecendo que a frase foi usada para rotular o bolsonarismo como antidemocrático.
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