Campo Grande (MS), Domingo, 14 de Dezembro de 2025

Política / Câmara Federal

Motta desagrada da esquerda à direita, enfrenta ataques de Lira e tenta se equilibrar na presidência da Câmara

Crise política amplia desgaste do presidente da Casa e acende alerta no Planalto sobre impacto na agenda econômica

14/12/2025

14:15

DA REDAÇÃO

©DIVULGAÇÃO

Sob críticas que partem da esquerda à direita, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), vive o momento mais delicado desde que assumiu o comando da Casa, há cerca de dez meses. Em conversas recentes com aliados, Motta chegou a se emocionar, relatando surpresa com o grau de turbulência enfrentado no cargo.

O desgaste se aprofundou nos últimos dias e atingiu até mesmo seu padrinho político, o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), que passou a demonstrar insatisfação com a condução do sucessor. A crise ganhou novos contornos após a operação da Polícia Federal que investiga emendas parlamentares, autorizada pelo ministro do STF Flávio Dino, o que ampliou o conflito entre Congresso, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal.

Operação da PF e tensão institucional

As diligências determinadas por Dino incluíram busca, apreensão e quebra de sigilo da servidora Mariângela Fialek, conhecida como Tuca, ex-braço direito de Arthur Lira quando ele presidia a Câmara e atualmente assessora da liderança do PP. A operação agravou o clima de desconfiança e elevou o nível de estresse na Praça dos Três Poderes.

Enquanto Motta enfrenta ataques simultâneos do governo, do PT e de bolsonaristas, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), também vive embates com o Executivo e o STF, embora adote um discurso de maior resistência política.

Pressão da esquerda e atos de rua

Partidos de esquerda, movimentos sociais e artistas convocaram manifestações nacionais neste domingo, em protesto contra o projeto aprovado na Câmara que reduz penas de Jair Bolsonaro (PL) e de outros condenados pelos atos golpistas de 8 de Janeiro. A mobilização ganhou apoio público de figuras como Caetano Veloso, que convocou atos sob o lema “Vamos devolver o Congresso para o povo”.

A proposta avançou em uma sessão tumultuada na madrugada de quarta-feira (10) e seguiu para o Senado. Na véspera, o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) protagonizou um protesto ao sentar-se na cadeira da presidência da Câmara, em reação ao processo de cassação que enfrentava. Ele foi retirado à força, em um episódio que terminou com agressões a parlamentares e jornalistas.

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), chegou a pedir publicamente a renúncia de Hugo Motta, acusando-o de perder as condições de presidir a Casa.

Acusações de armadilhas contra o governo

Em entrevista, Lindbergh afirmou que Motta tem criado “armadilhas” para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, citando episódios como:

  • Pauta para derrubar o decreto do IOF

  • Urgência para projetos de anistia

  • A chamada PEC da Blindagem

  • A caducidade da MP que taxava bancos e fintechs

Segundo o petista, haveria uma atuação sistemática contra o governo, incluindo a escolha de Guilherme Derrite como relator de projeto antifacção e o avanço de propostas vistas como favoráveis a golpistas. Motta não respondeu às críticas.

Crise com Lira e Centrão

Na quarta-feira, um acordo de última hora entre o governo e o PSD evitou a cassação de Glauber Braga, que teve o mandato suspenso por seis meses. Em troca, a esquerda se comprometeu a apoiar Eduardo Paes (PSD) ao governo do Rio de Janeiro em 2026.

A articulação irritou Arthur Lira, desafeto declarado de Glauber, que defendia a cassação do deputado. Lira responsabilizou Motta pelo fracasso da votação e, nos bastidores, falou em necessidade de um “freio de arrumação” na Câmara, sinalizando decepção com o sucessor.

Paralelamente, integrantes do PL, partido de Bolsonaro, também acusam Motta de traição, alegando que ele havia prometido apoio à anistia ao ex-presidente.

Presidente isolado

O deputado Danilo Forte (União Brasil-CE) resumiu o momento do presidente da Câmara:

“Hugo está tentando fazer um jogo de conciliação, mas vem sendo mal-compreendido. Apanha da direita, da esquerda e do governo.”

Segundo ele, um fato inusitado marcou as últimas votações: ambos os lados comemoraram resultados no plenário e, logo depois, passaram a criticar Motta, como ocorreu nos casos envolvendo Glauber Braga e Carla Zambelli — esta última com a decisão da Câmara anulada pelo STF, que determinou a cassação imediata da deputada.

Impacto na agenda econômica

No Palácio do Planalto, cresce o temor de que o desgaste de Motta, somado à insatisfação de Alcolumbre e Lira, provoque impactos negativos na agenda econômica. O governo precisa do Congresso para aprovar:

  • O projeto de redução dos benefícios fiscais

  • A proposta de Orçamento

Sem o corte de gastos tributários, faltarão cerca de R$ 20 bilhões para fechar as contas de 2026.

O presidente nacional do PT, Edinho Silva, criticou o que chamou de agenda impopular e de confronto político adotada pelo Congresso, enquanto o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), diagnosticou a deterioração do ambiente parlamentar.

“O princípio da lacração virou regra geral”, afirmou Guimarães, defendendo um pacto de boa convivência para resgatar o papel histórico do plenário como espaço de diálogo democrático.


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