Política / Justiça
PF encontra anotações em carro de Bolsonaro com menções à delação de Mauro Cid
Papéis trazem rabiscos sobre Braga Netto, ministro Fux e até “plano de fuga”; investigações analisam relação com interrogatório do ex-ajudante de ordens
22/08/2025
07:15
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A Polícia Federal (PF) encontrou, em 17 de julho, durante diligências, anotações manuscritas dentro do porta-luvas de um dos carros do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Os papéis, em folhas brancas, fazem referências diretas à delação premiada do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, investigado no Supremo Tribunal Federal (STF).
Embora os documentos não tenham sido incluídos no inquérito por coação — no qual Bolsonaro já foi indiciado — investigadores avaliam que os registros podem ter sido feitos pelo próprio ex-presidente durante o interrogatório de Cid em junho, no STF.
Segundo fontes ouvidas pelo Metrópoles, os rabiscos formam uma espécie de “linha do tempo” baseada na colaboração premiada do militar. Os trechos sugerem esboços de estratégias de defesa e possíveis registros de falas atribuídas a Cid.
Entre os apontamentos, constam:
Sobre reuniões e golpe: “Não existia grupos, sim indivíduos (…) considerando – 2 ou 3 reuniões. Defesa + sítio + prisão – várias autoridades. Previa: comissão eleitoral nova eleição”.
Sobre Braga Netto: “Recebi o $ do Braga Netto e repassei p/ o major de Oliveira – pelo volume, menos de 100 mil. Pressão p/PR assinar ‘um decreto’ – defesa ou sítio, mas nada vai acontecer”.
Menção a Luiz Fux: anotações trazem o nome “Min Fux”, seguidas de frases sobre viagens e preocupações institucionais.
Sobre golpe e fuga: “Nem cogitação houve. Decreto de golpe??? Golpe não é legali, constituição, golpe é conspiração”.
Plano de fuga: referência a “29/nov” — depois riscada — e ao “plano de fuga do GSI caso a Presidência fosse sitiada”.
Para os investigadores, os papéis parecem reunir observações de Bolsonaro sobre pontos destacados por Cid em sua delação. Há registros que indicam anotações feitas simultaneamente ao depoimento do ex-ajudante de ordens.
As menções a nomes de autoridades, como o general Walter Braga Netto e o ministro do STF Luiz Fux, além da referência a um suposto “plano de fuga”, reforçam o peso político do material, que pode ampliar o escopo de apurações já em andamento.
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