Campo Grande (MS), Sexta-feira, 27 de Junho de 2025

Energia / Geopolítica

Rússia oferece usinas nucleares flutuantes para a Amazônia e mira expansão no setor atômico brasileiro

Rosatom quer ampliar cooperação com o Brasil, fornecendo pequenos reatores e explorando urânio; governo vê solução viável para regiões isoladas

27/06/2025

11:30

DA REDAÇÃO

©ARQUIVO

A estatal russa Rosatom propôs ao governo brasileiro o fornecimento de usinas nucleares flutuantes para atender regiões remotas da Amazônia, como parte de um plano de expansão da cooperação entre os dois países no setor nuclear. A proposta foi recebida com interesse por autoridades brasileiras, que estudam a aplicação dos reatores modulares pequenos (SMR) para suprir demandas locais de energia com estabilidade e segurança.

Segundo o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, o modelo “pode oferecer soluções seguras para regiões de difícil acesso”. Já a Rosatom aposta na tecnologia que estreou mundialmente com a usina Acadêmico Lomonosov, em operação no Ártico russo desde 2020.

Reatores flutuantes: tecnologia e controvérsia

Essas usinas modulares produzem de 10% a 50% da energia de uma central convencional e são instaladas sobre barcaças, dispensando infraestrutura terrestre. Apesar do interesse crescente, o modelo atrai críticas de ambientalistas. Organizações como o Greenpeace chamam a unidade russa de “Tchernóbil flutuante”.

Ainda assim, a Rosatom estima entregar até 2035 pelo menos 12 reatores para a Amazônia, com geração de 0,6 gigawatts, e mais 10 reatores costeiros no Nordeste. A tecnologia é defendida como alternativa limpa às termoelétricas a diesel, ainda comuns na região Norte.

Interesses russos vão além da Amazônia

A aproximação entre Brasil e Rússia no setor nuclear inclui a exploração conjunta da mina de urânio em Caetité (BA) e o fornecimento de urânio enriquecido para as usinas de Angra. Em 2023, a Rosatom venceu licitações para abastecer a usina por cinco anos — negócio estimado em US$ 140 milhões.

O diretor da Rosatom para a América Latina, Ivan Dibov, afirmou que a empresa quer expandir a presença no Brasil. “Temos o melhor produto e o melhor preço”, disse, evitando mencionar valores exatos. Segundo ele, o urânio russo pode custar até metade do preço do concorrente canadense, antigo fornecedor brasileiro.

Além disso, um contrato recente firmado com as Indústrias Nucleares do Brasil (INB) prevê o envio de 275 mil kg de urânio in natura da Bahia para enriquecimento até 2027. O combustível será devolvido ao país pronto para uso.

Obstáculos e perspectivas

Apesar do entusiasmo, a implementação depende da aprovação da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), além de marcos regulatórios nacionais. A própria usina flutuante russa levou uma década para operar com aval especial da agência da ONU.

A Rosatom também manifestou interesse em fornecer tecnologia para Angra 3, cuja construção permanece inconclusa após décadas e denúncias de corrupção. Porém, segundo Dibov, a prioridade é construir novas usinas com projeto próprio.

O Brasil domina o ciclo do enriquecimento de urânio e possui a sétima maior reserva mundial do metal, mas ainda envia parte do material para fora, onde é convertido e enriquecido antes de retornar como combustível.

Energia e geopolítica

A parceria no setor nuclear começou a ganhar força ainda no governo Jair Bolsonaro, mas foi aprofundada sob a gestão de Lula, que defende maior integração com países do grupo Brics. Segundo analistas, Moscou aposta no Brasil como parceiro estratégico para driblar sanções e ampliar sua influência no hemisfério Sul.

A proposta russa surge num momento de renascimento da energia nuclear global, impulsionado pela busca de fontes limpas e seguras. O Banco Mundial acaba de suspender seu veto ao financiamento de projetos nucleares, e a própria AIEA tem promovido os pequenos reatores como alternativa viável.


Os comentários abaixo são opiniões de leitores e não representam a opinião deste veículo.

Últimas Notícias

Veja Mais

Envie Sua Notícia

Envie pelo site

Envie pelo Whatsapp

Municípios

Rebouças Renascença Reserva Reserva do Iguaçu Ribeirão Claro Ribeirão do Pinhal Rio Azul Rio Bom Rio Bonito do Iguaçu Rio Branco do Ivaí Rio Branco do Sul Rio Negro Rolândia Roncador Rondon Rosário do Ivai Sabáudia Salgado Filho Salto do Itararé Salto do Lontra Santa Amélia Santa Cecília do Pavão Santa Cruz Monte Castelo Santa Fé Santa Helena Santa Inês Santa Isabel do Ivaí Santa Izabel do Oeste Santa Lúcia Santa Maria do Oeste Santa Mariana Santa Mônica Santa Tereza do Oeste Santa Terezinha de Itaipu Santana do Itararé Santo Antônio da Platina Santo Antônio do Caiuá Santo Antônio do Paraíso Santo Antônio do Sudoeste Santo Inácio Sapopema Sarandi Saudade do Iguaçu São Carlos do Ivaí São Jerônimo da Serra São João São João do Caiuá São João do Ivaí São João do Triunfo São Jorge d'Oeste São Jorge do Ivaí São Jorge do Patrocínio São José da Boa Vista São José das Palmeiras São José dos Pinhais São Manoel do Paraná São Mateus do Sul São Miguel do Iguaçu São Pedro do Iguaçu São Pedro do Ivaí São Pedro do Paraná São Sebastião da Amoreira São Tomé Sengés Serranópolis do Iguaçu Sertanópolis Sertaneja Siqueira Campos Sulina Tamarana Tamboara Tapejara Tapira Teixeira Soares Telêmaco Borba Terra Boa Terra Rica Terra Roxa Tibagi Tijucas do Sul Toledo Tomazina Três Barras do Paraná Tunas do Paraná Tuneiras do Oeste Tupãssi Turvo Ubiratã Umuarama União da Vitória Uniflor Uraí Ventania Vera Cruz do Oeste Verê Vila Alta Virmond Vitorino Wenceslau Braz Xambrê

ParanAgora © 2021 Todos os direitos reservados.

PROIBIDA A REPRODUÇÃO, transmissão e redistribuição sem autorização expressa.

Site desenvolvido por: