Política / Justiça
PF aponta que ex-assessora operava controle do orçamento secreto sob ordens de Arthur Lira
Investigação indica que Mariângela Fialek atuava em estrutura organizada para distribuição de emendas de relator durante gestão do ex-presidente da Câmara
12/12/2025
13:15
DA REDAÇÃO
©FOTOMONTAGEM
A Polícia Federal (PF) afirma que a ex-assessora da Câmara dos Deputados Mariângela Fialek, conhecida como Tuca, integrava uma estrutura organizada que atuava, supostamente, sob ordens do então presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para controlar e distribuir recursos do chamado orçamento secreto.
As conclusões constam de relatórios produzidos a partir da quebra do sigilo telemático da assessora, autorizada no âmbito de investigação que apura irregularidades na destinação de emendas parlamentares. Nesta sexta-feira (12 de dezembro de 2025), a PF cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Mariângela, incluindo um gabinete utilizado por ela na Câmara.
De acordo com a Polícia Federal, a análise de mensagens, documentos e registros digitais revela que Mariângela teve atuação relevante e contínua no controle do orçamento secreto, especialmente na modalidade conhecida como emenda de relator.
“A investigada manteve atuação longeva na organização desses recursos, que remonta à época da pandemia e coincide com o mandato de Arthur Lira na presidência da Câmara dos Deputados”, afirma trecho do relatório da PF.
Ainda segundo os investigadores, a assessora operacionalizava o encaminhamento das emendas, atuando “supostamente em nome do ex-presidente da Câmara”.
Embora o orçamento secreto fosse caracterizado pela ausência de transparência pública, a PF aponta que existia um controle interno rígido para identificar quais parlamentares e partidos eram responsáveis pelas indicações de recursos aos municípios.
“As informações mantidas com Mariângela deixam claro que havia controle detalhado dos parlamentares e partidos beneficiados, e que esse controle era centralizado na investigada”, descreve o relatório.
Os documentos analisados indicam que esse monitoramento era reportado internamente na Câmara dos Deputados, contrariando o discurso público de inexistência de rastreabilidade das emendas.
A investigação também aponta que Mariângela Fialek teria se valido de sua posição como conselheira fiscal da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) para facilitar a execução e manipulação de recursos provenientes de emendas parlamentares.
Segundo a PF, a estatal era um dos principais canais de execução financeira do orçamento secreto durante o período investigado.
O chamado orçamento secreto foi criado durante o governo Jair Bolsonaro e permitiu que aliados do Executivo decidissem a destinação de bilhões de reais sem transparência pública sobre os autores das indicações. O esquema foi revelado a partir de reportagens do Estadão publicadas desde 2021.
O mecanismo foi posteriormente considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou maior transparência e rastreabilidade na execução das emendas parlamentares.
Até a última atualização desta reportagem, Mariângela Fialek e Arthur Lira não se manifestaram sobre as conclusões da Polícia Federal.
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