Campo Grande (MS), Sexta-feira, 12 de Dezembro de 2025

Política / Justiça

Câmara aprova regras que beneficiam Marcola, Beira-Mar e André do Rap ao afrouxar regime de progressão de pena

Projeto da dosimetria reduz tempo de prisão para líderes do crime organizado e anula avanços da Lei Antifacção, em movimento articulado para favorecer Jair Bolsonaro e generais condenados

11/12/2025

20:00

DA REDAÇÃO

©DIVULGAÇÃO

A votação do Projeto de Lei da Dosimetria pela Câmara dos Deputados provocou uma reviravolta no endurecimento penal aprovado horas antes pelo Senado na Lei Antifacção, destinada a combater milícias, facções e crimes hediondos. Para reduzir o tempo de prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro e de generais condenados pela tentativa de golpe de 2022, deputados acabaram flexibilizando a execução penal e abrindo uma brecha que pode beneficiar diretamente criminosos como Marcola, Fernandinho Beira-Mar e André do Rap.

O texto aprovado diminui substancialmente o tempo mínimo que condenados devem cumprir em regime fechado antes de migrar para o semiaberto — e, ao contrário da Lei Antifacção, restabelece parâmetros mais brandos da Lei de Execuções Penais (LEP).

O que mudou na prática

Logo no início do projeto, a Câmara determina que a progressão de regime poderá ocorrer com 1/6 da pena cumprida, para então listar exceções. É justamente nesse ponto que o pacote se desestrutura: os incisos aprovados reduzem percentuais que haviam sido endurecidos pela Lei Antifacção.

Entre os principais retrocessos:

  • Crimes cometidos com violência ou grave ameaça: progressão com 25% da pena, excluindo crimes contra a fé pública, administração, saúde e crimes sexuais.

  • Crimes hediondos (primários): a Câmara manteve apenas os atuais 40%, ignorando o endurecimento para 70% aprovado no Senado na véspera.

  • Crimes hediondos com morte: progressão com 50%, e não mais com 75%, como previa a Lei Antifacção.

  • Líderes de organizações criminosas, milícias e facções: progressão com 50%, enquanto o texto aprovado horas antes pelo Senado exigia 75%, sem direito a livramento condicional.

  • Feminicídio (primário): progressão com 55%; o Senado havia elevado para 75%.

Advogados criminalistas já apontam que a nova regra deverá ser usada em favor de líderes do crime organizado, que passam a ter percentuais significativamente menores para deixar o regime fechado.

Retrocesso para reincidentes

Outro recuo relevante: a Lei Antifacção estabelecia que reincidentes em crimes hediondos cumpririam:

  • 80% da pena,

  • ou 85%, se houvesse resultado morte.

O projeto da dosimetria reduz esses números para 60% e 70%, respectivamente.

Erro técnico ou cálculo político?

A desarticulação legislativa chamou atenção. O relator Paulinho da Força (Solidariedade-SP) justificou que buscava "pacificar o país", mas não comparou o texto com o que a própria Câmara havia aprovado semanas antes ou com o que o Senado aprovara horas antes. Foi acompanhado por bolsonaristas como Guilherme Derrite (PP-SP), defensor público do endurecimento penal no PL Antifacção.

O resultado, apontam especialistas, é um contrassenso jurídico que tende a:

  • Fragilizar o combate às facções,

  • Inviabilizar a coerência da execução penal,

  • Gerar uma enxurrada de pedidos de progressão antecipada,

  • Favorecer criminosos de altíssima periculosidade, ao mesmo tempo em que busca aliviar penas de Bolsonaro e oficiais condenados.

A incoerência legislativa reacendeu críticas à condução de votações em ritmo acelerado pelo presidente da Câmara, Hugo Motta, frequentemente acusado de atropelar análises técnicas e provocar distorções — como já ocorreu na PEC da Blindagem e nas múltiplas versões do próprio PL Antifacção.

Cabem agora aos senadores corrigir o texto e decidir se o país terá regras mais duras contra o crime organizado ou se prevalecerá o pacote aprovado na Câmara.


Os comentários abaixo são opiniões de leitores e não representam a opinião deste veículo.

Últimas Notícias

Veja Mais

Envie Sua Notícia

Envie pelo site

Envie pelo Whatsapp

Municípios

Rebouças Renascença Reserva Reserva do Iguaçu Ribeirão Claro Ribeirão do Pinhal Rio Azul Rio Bom Rio Bonito do Iguaçu Rio Branco do Ivaí Rio Branco do Sul Rio Negro Rolândia Roncador Rondon Rosário do Ivai Sabáudia Salgado Filho Salto do Itararé Salto do Lontra Santa Amélia Santa Cecília do Pavão Santa Cruz Monte Castelo Santa Fé Santa Helena Santa Inês Santa Isabel do Ivaí Santa Izabel do Oeste Santa Lúcia Santa Maria do Oeste Santa Mariana Santa Mônica Santa Tereza do Oeste Santa Terezinha de Itaipu Santana do Itararé Santo Antônio da Platina Santo Antônio do Caiuá Santo Antônio do Paraíso Santo Antônio do Sudoeste Santo Inácio Sapopema Sarandi Saudade do Iguaçu São Carlos do Ivaí São Jerônimo da Serra São João São João do Caiuá São João do Ivaí São João do Triunfo São Jorge d'Oeste São Jorge do Ivaí São Jorge do Patrocínio São José da Boa Vista São José das Palmeiras São José dos Pinhais São Manoel do Paraná São Mateus do Sul São Miguel do Iguaçu São Pedro do Iguaçu São Pedro do Ivaí São Pedro do Paraná São Sebastião da Amoreira São Tomé Sengés Serranópolis do Iguaçu Sertanópolis Sertaneja Siqueira Campos Sulina Tamarana Tamboara Tapejara Tapira Teixeira Soares Telêmaco Borba Terra Boa Terra Rica Terra Roxa Tibagi Tijucas do Sul Toledo Tomazina Três Barras do Paraná Tunas do Paraná Tuneiras do Oeste Tupãssi Turvo Ubiratã Umuarama União da Vitória Uniflor Uraí Ventania Vera Cruz do Oeste Verê Vila Alta Virmond Vitorino Wenceslau Braz Xambrê

ParanAgora © 2021 Todos os direitos reservados.

PROIBIDA A REPRODUÇÃO, transmissão e redistribuição sem autorização expressa.

Site desenvolvido por: