Saúde / Bem-Estar
Esteatose hepática já atinge 38% da população mundial, alerta estudo internacional
Sedentarismo, má alimentação e diagnóstico tardio fazem crescer os casos de “fígado gorduroso” em ritmo epidêmico
31/10/2025
16:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A esteatose hepática, popularmente conhecida como “fígado gorduroso”, vem se tornando uma das doenças mais prevalentes no mundo moderno. Segundo levantamento publicado na revista Hepatology, a prevalência global da forma não alcoólica da doença aumentou de 25,2% (1990–2006) para 38% (2016–2019) — um avanço alarmante que especialistas já classificam como epidemia silenciosa.
A endocrinologista Natália Cinquini, consultora médica do Sabin Diagnóstico e Saúde, explica que a enfermidade vai muito além do consumo de álcool.
“Muitas pessoas acreditam que apenas quem bebe muito corre o risco de ter gordura no fígado, mas não é verdade. O sedentarismo e a má alimentação são causas cada vez mais comuns e podem afetar pessoas de qualquer idade”, alerta a médica.
Quando o acúmulo de gordura ultrapassa 5% do volume hepático, há risco de inflamação (esteato-hepatite), fibrose, cirrose e até câncer de fígado.
Estudos do Instituto Karolinska, publicados no The Journal of Hepatology, mostram que pessoas com esteatose têm 1,85 vezes mais risco de morte do que aquelas sem o quadro — não apenas por causas hepáticas, mas também cardiovasculares e oncológicas.
No Brasil, uma pesquisa do Datafolha revelou que, embora 62% dos brasileiros digam se preocupar com o fígado gorduroso, apenas 7% receberam diagnóstico médico. Além disso, 60% desconhecem qual exame detecta a condição, o que reforça a urgência da conscientização.
A doença costuma evoluir sem sintomas nas fases iniciais, o que dificulta o diagnóstico. Quando os sinais aparecem, podem incluir:
Cansaço persistente e fraqueza;
Perda de apetite e aumento abdominal;
Inchaço e desconforto no quadrante superior direito do abdômen.
O diagnóstico combina histórico clínico, exames laboratoriais (como TGO e TGP) e ultrassonografia abdominal, que confirma a presença de gordura. Em casos mais complexos, podem ser solicitados elastografia hepática ou biópsia para avaliar o grau de dano ao órgão.
“Essas ferramentas permitem detectar precocemente a doença, mesmo sem sintomas, e evitam complicações graves”, destaca Cinquini.
Atualmente, não há medicamento específico aprovado para tratar a esteatose hepática. O controle é feito por meio de mudanças no estilo de vida, que beneficiam o fígado e todo o metabolismo:
Manter o peso corporal adequado;
Adotar alimentação rica em frutas, verduras e fibras;
Evitar ultraprocessados e reduzir o consumo de álcool;
Praticar atividade física regularmente;
Controlar diabetes, colesterol e hipertensão com acompanhamento médico.
“Com o acompanhamento correto, é possível estabilizar ou até reverter a gordura no fígado. Mesmo em casos avançados, há medidas que ajudam a preservar a qualidade de vida”, reforça a endocrinologista.
Especialistas recomendam incluir avaliações hepáticas preventivas na rotina de saúde, principalmente em pessoas com fatores de risco metabólicos. Exames simples, como análise de enzimas hepáticas e ultrassonografia, podem identificar alterações precoces.
“O diagnóstico precoce é a chave. Quanto antes o problema for identificado, maiores as chances de evitar danos irreversíveis”, conclui Cinquini.
Os comentários abaixo são opiniões de leitores e não representam a opinião deste veículo.
Leia Também
Leia Mais
Gilmar Mendes vota pela inconstitucionalidade do marco temporal para terras indígenas
Leia Mais
Presidente da CCJ classifica PL da Dosimetria como “vergonha” e afirma que Senado vai barrar proposta
Leia Mais
Alcolumbre pauta PL da Dosimetria no Senado mesmo sob pressão por adiamento
Leia Mais
Ecofuturo completa 26 anos com atuação que une conservação ambiental e transformação social
Municípios