Brasil / Economia
Banco Central eleva Selic para 15% ao ano, o maior patamar desde 2006
Decisão reflete cautela diante de cenário internacional e pressões inflacionárias; mercado financeiro se dividia sobre a manutenção ou alta dos juros
18/06/2025
18:30
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, nesta quarta-feira (18), elevar a taxa Selic para 15% ao ano, o maior patamar desde julho de 2006, quando os juros estavam em 15,25% ao ano, ainda no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A decisão amplia o ciclo de alta dos juros iniciado em setembro do ano passado e reflete a preocupação com o cenário internacional, sobretudo com a política econômica dos Estados Unidos e o acirramento das tensões geopolíticas globais.
Em nota, o Copom destacou que o ambiente externo segue instável, com alta volatilidade no mercado financeiro global e incertezas quanto às políticas comercial e fiscal dos EUA.
“O ambiente externo mantém-se adverso e particularmente incerto (...). Tal cenário exige cautela por parte dos países emergentes, como o Brasil, em meio ao acirramento das tensões geopolíticas”, afirma o documento.
Apesar da elevação, o Copom sinalizou que pode interromper o ciclo de alta na próxima reunião, caso o cenário projetado se confirme.
“O Comitê antecipa uma interrupção no ciclo de alta para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado (...). Seguirá vigilante e não hesitará em retomar os ajustes, se necessário”, destaca o comunicado.
O mercado financeiro estava dividido antes da reunião. Uma pesquisa feita pelo próprio BC com mais de 130 instituições financeiras indicava que a maioria esperava uma interrupção na alta dos juros, mas parte dos analistas projetava que a Selic poderia subir exatamente para 15% ao ano, como acabou ocorrendo.
Essa foi a sexta alta consecutiva da Selic desde setembro de 2024.
A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira, utilizada pelo Banco Central como principal instrumento para controlar a inflação. Ela influencia diretamente:
Taxas de juros de empréstimos e financiamentos;
Rendimentos de aplicações financeiras, como CDBs, Tesouro Direto e poupança;
Custo do crédito, que se torna mais caro para empresas e consumidores.
Quando a Selic sobe, a intenção do BC é reduzir o consumo, conter a inflação, mas também acaba por frear o crescimento econômico.
Em 2025, os diretores indicados pelo presidente Lula passaram a ser maioria no Copom, representando sete dos nove membros. Isso significa que as decisões atuais refletem, em grande parte, a visão econômica da atual gestão.
Julho de 2006: 15,25% (última vez neste patamar);
2021 a 2022: Ciclo de alta para conter a inflação pós-pandemia;
2025: Selic volta a 15%, maior nível em quase 20 anos.
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